O
texto “A Preleção” de Heidegger, descreve um estudo metafísico em relação à
questão do “nada” – questão totalmente metafísica.
No
texto podemos observar que o “nada” de Heidegger tem um significado diferente
do “nada” tratado na ontologia clássica e do “nada” da tradição cristã. Na
ontologia clássica, é atribuído ao conceito de “nada” o sentido de “não-ente”,
ou seja, matéria informe que não pode dar forma a um ente com caráter de
figura. Na tradição cristã, o “nada” tem o sentido de ausência total de ente
fora de Deus e compreendido como o oposto do mesmo. Consequentemente, a
“matéria prima” para que Deus crie todas as coisas.
Partindo
de uma analítica científica, Heidegger se depara com a questão do “nada” que é
totalmente rejeitado pela ciência como simplesmente não sendo coisa alguma ou
simplesmente pelo fato de não se importarem com o que o “nada” possa
significar.
Com
indagações cautelosamente pensadas, Heidegger descreve o nada como uma
experiência que é manifestada por meio da angústia – sentimento causado quando
nosso estado de humor nos diz que estamos incomodados em relação a algo do qual
não podemos definir. A manifestação do nada consiste na ausência da totalidade
do ente, no entanto, é o que nos permite acessar o ente em sua plena essência.
Heidegger demonstra em sua investigação que a
única maneira de termos uma relação entre “ser-aí” e ente é estando suspensos
no nada. Este sendo manifestado através do sentimento de angústia que, por
conseguinte, é necessário e caracteriza o homem. A angústia é o que move o
homem na busca pelo sentido de sua própria existência e compreensão de sua
relação com o mundo.
Referência bibliográfica
HEIDEGGER,
Martin. – A Preleção in: Conferências e
escritos filosóficos; tradução e notas Ernildo Stein, 4ª ed. – São Paulo :
Nova Cultura, 1991
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