sábado, 25 de maio de 2013

A luta de classes no texto “O 18 de Brumário de Luís Bonaparte”

Seguem breves anotações sobre o conceito de luta classes na obra "O 18 Brumário de Luís Bonaparte", de Karl Marx.

Este resumo foi feito em parceria com o querido amigo Otacílio Junior (http://doconflito.blogspot.com.br/), do curso de História, como relatório de leitura da disciplina de História da Filosofia Contemporânea I. Para tal, foi utilizado como base apenas os prefácios  e os capítulos I (pág. 7 - 14) e VII (pág. 71 - 82) do livro "O 18 Brumário de Luís Bonaparte".


Luta de Classes de Marx



A "luta de classes" é um conceito usado no trabalho do filósofo, economista, sociólogo e historiador alemão Karl Marx intimamente relacionado ao seu materialismo histórico.

Para entender a luta de classes e seu uso na obra “O 18 Brumário de Luís Bonaparte” voltemos à maneira como Marx descreve o surgimento de diferentes classes sociais no materialismo histórico. Trata-se de uma abordagem da História criada ao contrapor e enriquecer a dialética hegeliana e o materialismo, segundo Feuerbach. Marx mostra com sua filosofia que a História é feita pela atividade do homem e é socialmente determinada pelo seu modo de produção.

O modo de produção de uma sociedade é o conjunto das forças produtivas e das relações de produção entre si. O surgimento das classes sociais se deu no momento em que os detentores das forças produtivas uniram-se àqueles que não a possuíram estabelecendo assim, uma relação de produção (querendo ou não): de um lado explorador, de outro explorado [RIUS, 1981].

Estando em diferentes posições sociais decorrentes das relações de produção as classes desenvolvem interesses particulares e antagônicos e lutam por esses interesses de várias formas, mas principalmente na forma política, constituindo assim a evolução da história humana.

Luta de Classes na obra "O 18 Brumário de Luís Bonaparte"



Marx, através da dialética do materialismo histórico, demonstra a aplicabilidade do conceito de luta de classes no livro "O 18 Brumário de Luís Bonaparte". Este livro nos permite uma visão considerável de toda a estrutura social, política e econômica da França no período de 1848 até 1851 quando ocorre o grande golpe de estado de Luís Bonaparte.

Diferentemente de outros autores que trataram do mesmo assunto neste período, mas que se limitaram apenas em engrandecer o responsável pelo golpe de estado, Marx demonstra como a luta de classes possibilitou que um personagem medíocre se passasse por herói.

Para tal, Marx contempla o passado histórico da França e compreende que, a classe burguesa se tornava cada vez mais conservadora, pois já não possuía mais o espírito revolucionário introduzido por Napoleão Bonaparte, preocupando-se apenas com a garantia do poder vigente. Ao passo que, devido à opressão da burguesia, a classe proletária se tornava potencialmente revolucionária [CARLOS, 2006].

Boa parte da massa proletária era composta de camponeses conservadores que não possuíam a visão de classe e eram visivelmente desorganizados. Eis que então surge a oportunidade ideal para o sobrinho de Napoleão, Luís Bonaparte representá-los politicamente para reivindicar a república social e assumir a frente do Estado [NUNES, 2008, p. 06].

Para realizar seu golpe de estado, Bonaparte determina temporariamente o fim do voto secreto de maneira a enganar a classe burguesa que não comparece para votação. Desta forma é eleito pela massa a representar o estado. Passa então, a se auto intitular como Napoleão III.

Uma vez no poder, começa a prejudicar os camponeses dividindo suas terras e cobrando impostos de maneira a estimular o capitalismo e o comércio. Aqueles que se recusavam a pagar os impostos sofriam grandes represálias e eram ameaçados de perder suas posses.

Visto que Napoleão III estava beneficiando o capitalismo e o comércio, a classe burguesa passa a apoiá-lo em sua gestão.
Toda essa estratégia e um novo Napoleão no poder, visto que o primeiro Napoleão também havia dado um golpe de estado, fundamenta a frase com que Marx inicia seu texto: “Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.

Conclui então que, os homens fazem sua própria história, porém, não da maneira como querem, mas sim por circunstâncias que são transmitidas pelo passado e dentro dos limites que a realidade em que vivem os impõe [CARLOS, 2006].


Fonte da Imagem: 

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQA0IQrW3jsoHleB63v5aJsdX2XA2EEf20XtZ7zBXECy5mTqnttDlJ-tgBz7CuWO0enB27nOZ-bR0XjwpHT38neh9CSLKU_IVXIlUL_0RmGq1RfwXH0KX5mvcYqiFbSHjtJeiaGSnjMmbS/s1600/karl-marx.jpg, acessado em: 25/05/2013




Referências bibliográficas:


RIUS. - Conheça Marx: Teoria e Política em Quadrinhos. São Paulo: Proposta Editorial, 1981. (Coleção Espaço)

MARX, Karl. - O 18 Brumário de Luis Bonaparte. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
(Coleção Os Pensadores)

SANTIAGO, Emerson. - Luta de Classes, disponível em:
http://www.infoescola.com/sociologia/luta-de-classes/, acessado em: 24/05/2013

CARLOS, Cássio. - O 18 Brumário de Luís Bonaparte : A discreta farsa da burguesia, disponível em: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/18-brumario-luis-bonaparte-discreta-farsa-burguesia-434656.shtml, acessado em: 24/05/2013

NUNES, Gilerlândia. - Notações preliminares sobre "O 18 Brumário de Luís Bonaparte", de Karl Marx, disponível em:
http://www.cchla.ufrn.br/interlegere/revista/pdf/4/le03.pdf, acessado em: 24/05/2013



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