sábado, 19 de maio de 2012

Apresentação do “Diálogo I” do livro “Behemoth ou o longo parlamento” de Thomas Hobbes: sementes da guerra civil inglesa


Olá pessoal!

O resumo a seguir foi utilizado numa aula expositiva de história da filosofia moderna. Contém apenas a idéia principal de um diálogo, portanto, é totalmente recomendado a leitura do livro na integra para melhor compreensão.


Informações sobre a obra

Por volta dos 80 anos, Hobbes escreveu dois livros. O primeiro livro sobre a história do surgimento do poder insubordinado dos sacerdotes, o segundo, sobre a história da guerra civil entre o rei Carlos I e o parlamento. A história da guerra é o “Behemoth”, escrito em 1668.
O livro a princípio foi censurado, porém, várias cópias piratas circularam em 1679. Apenas em 1682 uma cópia autorizada foi publicada, talvez William Crooke que obtivera uma das mãos do próprio Hobbes.

Quanto ao título “Behemoth” pode ser encontrado de várias formas: “Bemoth”, “Behemot” ou “Beemote”, segundo João Ferreira de Almeida, tradutor português da Bíblia do rei Jaime. O termo não é de origem inglesa, por isso, não foi traduzido. Para alguns, deriva do hebraico “b’hemah”, que significa “besta”; para outros, de uma palavra egípcia “p-eh-mau”, que significa “boi da água” ou “hipopótamo”. Mas a origem do termo é incerta.

Hobbes dá a duas de suas obras nomes que evocam monstros, pois segundo ele, faria maior sentido em usar nomes denotativos dos quais a alusão estivesse ausente e cujos significados na política fossem difíceis de decifrar pelos comentadores. Com os dois monstros bíblicos, o autor insinuaria que vivemos entre duas condições monstruosas: a da paz sob o governo de um soberano e a da guerra generalizada que lança irmão contra irmão.

O livro “Behemoth” tem menor pretensão teórica, porém, irá descrever com maior precisão como e por que se produz guerra, apontando o clero como sendo a principal razão devido à desmedida da palavra que, por muitos, é considerada a chave da vida eterna.

O filósofo se refere ao clero como “Mídia do XVII”, ou seja, uma rede de comunicação e controle em massa que promete aos fiéis a salvação e aos desatentos, a danação eterna. “[...] esse misto de promessa e amedrontamento pode mostrar-se mais eficaz que o instrumental mais ou menos desencantado com o qual o poder leigo procura controlar as condutas (Hobbes, 2001, p. 12).”



A guerra civil

O rei Carlos I, que havia herdado o legado do pai, tentou continuar com a política absolutista e estabelecer novos impostos, porém, o parlamento não estava tão interessado em seu absolutismo e queria ter o controle financeiro e do exército obrigando o rei a assinar uma carta magna chamada “Petição de Direitos” que, garantia a população contra os impostos e detenções ilegais. Visto que não obtinha ajuda alguma, dissolveu o parlamento que viria a ser convocado novamente só mais tarde.  [MUNDO VESTIBULAR, 2012].

A guerra civil refere-se a um conflito na Inglaterra entre o monarca e o parlamento entre os anos de 1640 e 1660. Neste período, a Inglaterra vivia todo o tipo de injustiça e loucura. O povo havia se corrompido e já não obedecia totalmente o rei. Os homens não viam mais meios de ganhar a vida honestamente e, por isso, ansiavam por guerra e serviam – em boa parte – aqueles que possuíam maiores somas de dinheiro.

Os que se diziam ministros de Deus haviam conquistado boa parte do povo, pois estes possuíam a chave da vida eterna e da danação, um misto de amedrontamento e esperança que se mostrava mais eficaz do que qualquer outro instrumental de poder soberano.

Os papistas reclamavam o direito de governo por conta de duas passagens: “O homem, pois, que se houver soberbamente, não dando ouvidos ao sacerdote, que está ali para servir ao SENHOR teu Deus, nem ao juiz, esse homem morrerá; e tirarás o mal de Israel (Deuteronômio, 17:12)” e 

[...] (18) E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. (19) Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; (20) Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém (Mateus, 28:18-20).

Mas quando o clero atingiu o ápice do seu poder, tornou-se insolente e sua vida passou a ser escandalosa. Seus argumentos foram reduzidos, ao passo que, a doutrina de Lutero, que já havia sido difundida, crescia e era cada vez mais bem aceita. Já não havia esperança de restauração da autoridade do Papa que já havia sido abolida na Inglaterra por um ato de supremacia do parlamento, ainda no reinado de Henrique VIII. Mas, muitos ainda cultivavam a crença de que o Papa devia governar todos os cristãos.

Em 1640, o rei precisou convocar o parlamento mais uma vez, pois precisava de recursos para resgatar a obediência do povo escocês, em sua grande maioria composto por presbiterianos. Tentou impor um livro de orações em comum com a Inglaterra e isto acabou gerando várias rebeliões com os escoceses. O parlamento já estava cansado do absolutismo do rei, não atendendo suas expectativas e, por conta disto, foi dissolvido novamente [MUNDO VESTIBULAR, 2012].

Em Novembro do mesmo ano, na volta do parlamento, seus membros tomaram o controle sobre os impostos e as questões religiosas. Também criaram uma lei em que o parlamento se reuniria frequentemente mesmo sem o consentimento real e tiraram do rei o direito de posse de um exército permanente. O parlamento estendeu-se até o ano de 1653 e ficou conhecido como “Longo Parlamento”.

O rei nada satisfeito com a situação tentou por mais uma vez, dissolver o parlamento, porém, este criou uma milícia de revolucionários liderada por Oliver Cromwell para garantir a atuação dos parlamentaristas na política.

Em contrapartida, o monarca, conseguiu reunir um exército de pessoas que ainda eram fiéis às causas reais, porém, foi derrotado pelo exército do parlamento sendo obrigado a fugir para a Escócia, onde foi denunciado e vendido novamente ao parlamento inglês que, o condenou à morte por decapitação [BRASIL ESCOLA, 2012]. A república por fim foi estabelecida na Inglaterra.



Referência bibliográfica

HOBBES, THOMAS - Behemoth ou o longo parlamento, tradução de Eunice Ostrensky, Belo Horizonte, ed. UFMG, 2001

MUNDO VESTIBULAR - A Revolução Inglesa - Disponível em: http://www.mundovestibular.com.br/articles/6500/1/A-Revolucao-Inglesa/Paacutegina1.html, acesso em: 15/05/2012

BRASIL ESCOLA - Guerra civil inglesa - Disponível em: http://guerras.brasilescola.com/idade-media/guerra-civil-inglesa.htm, acesso em: 15/05/2012

FONTE DA IMAGEM: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3P65Fl855AM7aQ88mK_QbDxZ4x4ztGcFk4X8eOhDM6pa7tdyOAl6sQcZ3eWhwbywGyvYBL6pStPeUWxI5aNZoBIj2PXe49asR7qQ-OG3BRf74Y8MctxVv-kmeGutZag_-eiYDSQXGGYcl/s400/foto-hipopotamo-04.jpg