Costuma-se dizer que para cada deficiência há uma compensação de maneira que, sempre exista um equilíbrio necessário para a existência do homem como também da natureza. Esta existência é desenhada e redesenhada das mais variadas formas como numa grande lousa mágica.
No caso do ser humano especificamente, até onde se sabe atualmente, é o único ser ciente de que independente de status social, cor, tipo sanguíneo e cultura, seu destino é uno e imutável, ou seja, a morte. Para compensar a consciência desta condição trágica, o homem desenvolveu habilidades para construir sentidos para sua existência.
Nessa brincadeira, percebeu-se que para cada ação há uma reação e que, consequentemente, cada ser humano depende de outros seres humanos. Por esta razão, a maior das habilidades desenvolvida pelo homem, foi a capacidade de criar conceitos sobre aquilo que contempla e experimenta, estabelecendo assim, uma linguagem capaz de estabelecer uma relação entre seus semelhantes.
Esta linguagem permitiu grandes avanços e descobertas, porém, sofreu muitas alterações com o passar do tempo, levantando assim, muitas questões que se tornaram grandes problemas filosóficos. Uma dessas questões, talvez a principal, é: quão próximo do objeto significado, um conceito criado pelo homem pode chegar? – A esta questão, várias teorias foram construídas, porém, nenhuma foi capaz de resolver efetivamente essa indagação.
Percebeu-se então, que o conceito por si só, é incapaz de representar algo em sua totalidade, sendo eficaz apenas se desconsiderar a essência de cada coisa.
O homem tornou-se tão perigoso a ponto de criar aquilo que desejar crer como verdade e como mentira, baseando-se num contrato em comum com os seus semelhantes. O que deveria igualar os seres humanos acabou tornando-os desconhecidos e, exceto pelas condições biológicas, semelhantes apenas por serem todos diferentes.
Essa distinção também precisou ser compensada de alguma forma, a arte; nos seus mais variados aspectos. Com a arte o homem passou a criar conceitos sobre os conceitos criados, transportando assim, seus significados através do que hoje conhecemos como metáforas. As metáforas possibilitaram o homem trabalhar a linguagem sem o peso na consciência de que as palavras original e diretamente atribuídas aos objetos significados, não são capazes de exprimir sua realidade absoluta. A arte tornou a vida humana mais tolerável e de certa forma mais colorida e significativa.
Fontes de inspiração:
PAZ, O. O arco e a lira: A linguagem, p. 35 – 42;
NIETZSCHE. F. Coleção Os Pensadores: Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral, p. 43 – 52);
Fonte da imagem: http://trotedacidadania.files.wordpress.com/2010/08/poesia.jpg, acesso em: 16/04/2012 10:24